sexta-feira, 20 de julho de 2012

Eu e elas


Eu e elas

            As primeiras chegaram e eu vi com maus olhos. Bichos penosos, fedidos. Arg! E depois chegaram mais. E começaram a carimbar o quintal. Que nojo!
            Ou elas ou eu! Tive vontade de decretar. Mas se elas vencessem? Como eu ficaria?
            A primeira morte foi um assassinato. Bem no tempo que só eram duas. Bicho come bicho. É a lei da natureza! Mas a gente sempre acaba torcendo para mais fraco.
            Cercas e mais cercas foram erguidas, até que já podíamos ter um convívio mais do que satisfatório. Ainda cheiram mal, mas tudo bem. Elas lá e eu cá. Que mal havia?
            O primeiro nascimento foi encantador. Filhote é sempre filhote. Tem coisinha mais rica? E depois vieram outros e mais outros. Logo, o quintal do lado de lá (delas) estava cheio de novas criaturas, penosas e cacarejantes. Amigas? Não! Jamais! Elas cá e eu lá! Não dão carinho, mas também não pedem. Então tudo bem.
            O lado de lá foi ficando impraticável. Assoreado. Esquisito! Estava na hora de dar um fim nelas. Come-las? Jamais! O meu prato preferido se tornou intragável. Impossível de ser deglutido.
            Num dia de chuva veio a solução. Quase todas elas iriam embora. Só deixariam duas! Logo as mais antipáticas.
            Se por um lado estava livre, por outro estava pesado! Chegou a hora do adeus!
            Minutos mais tarde meu sobrinho chega com o nariz vermelho e os olhos molhados.
            _ O que foi, meu filho? _ Perguntei assustada, enquanto o pegava no colo.
            _ Eu gostava das galinhas. _ Ele respondeu.
            _ Não fique assim. _ Eu o consolei. _ Eu também gostava delas.

Fim


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